Reflexões de um homem deprimido

on sábado, 24 de julho de 2010
A janela estava aberta, o ar estava bastante gelado e ele remexia-se na cama de tanto frio. Pegara várias colchas e cobrira-se. Para ele era uma forma de proteger-se e esquecer que havia um mundo que o fazia cada vez mais triste fora do seu apartamento. Seu nariz estava obstruído, respiração congestionada. Consequência da noite lacrimosa que ele tivera.
Seu coração doía constantemente; parecia algo proposital. Sempre que ele pensava em esquecer o que havia ocorrido, seu peito doía. Era como se estivessem perfurando seu coração, e com muita vontade. Isso tornava tudo mais difícil para ele. Esquecer que ele nunca mais a teria, saber que ela nunca mais seria dele.
Ele saiu da sua cápsula protetora e resolveu observar as luzes da cidade grande através da janela. Para sua surpresa, ainda não era dia. Olhou no relógio e constatou que eram três da manhã. Isso era ruim, muito ruim. O tempo simplesmente não corria da mesma forma quando ele não estava com ela. Seus olhos, que já estavam úmidos e cansados de chorar, não se opuseram à vontade do seu corpo de tentar aliviar a dor que ele estava sentindo no momento. E novamente ele desatou a chorar. Uma parte dele se fora com ela, e ele só a teria de volta se também tivesse ela de volta.
De certa forma ele sabia que as coisas melhorariam, porque sempre há uma força misteriosa e reconfortante que brota em todos nós, sempre nos piores momentos, e que nos permite suportar toda a dor e carência; todo medo e perda. Mas naquele momento ele podia lamentar, porque ele queria tanto tê-la para ele em todos os instantes de sua vida, e ele sabia que não seria mais assim. A menos que ele lutasse por isso.

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