on sábado, 29 de maio de 2010
O que sentir em uma hora dessas?
Simplesmente quando você se dá conta de que o universo não conspira a seu favor; quando você percebe que o mundo adoraria te cuspir para fora dele o mais rápido possível. Quando o quebra-cabeça não se encaixa mais.
O que sentir em uma hora dessas?
Fúria? Raiva? Talvez não.
Tristeza profunda? Mais provável que sim, com uma margem de erro na palavra 'profunda', já que é muito mais profunda do que imaginei. E por que sentir-se assim se você nem ao menos sabia sobre seus sentimentos?
A verdade é que ainda sou um mistério para mim mesmo. Um mistério muito chato, confesso. Mas é necessário ser um tanto egoísta nessas horas, e não culpar os outros, afinal eles não têm culpa se eu não sou forte o bastante para aguentar as surpresas da vida.
Mas agora meu corpo dói, não mais que meu frágil coração. E também dói minha alma. E agora meu corpo e minha alma pedem para morrer, e eu vou cedendo aos poucos.


on sexta-feira, 28 de maio de 2010
Parte III - Colisão

A verdade era que naquele exato instante eu me sentia completamente sintonizado àquela garota. Era como se todo o meu corpo estivesse ligado à ela; como se eu tivesse passado toda a minha vida esperando por ela, e agora esse momento finalmente chegara. Era um sentimento muito estranho, um mistério para meus neurônios. Eles simplesmente não sabiam se deveriam sentir dor, ou se deveriam alegrar-se; suar frio ou acelerar os batimentos cardíacos?
Peguei-me estagnado pela sua beleza. Cabelos escuros e curtos, olhos cinzas e brilhantes, e uma pele rosada e suave. E com certeza havia algo a mais. Fiquei surpreso ao notar que ela estava saindo do carro e caminhando em minha direção. E o melhor: estava sorrindo.
- Tudo bem? - foi o que ela perguntou. Palavras faltaram em minha boca e meus pulmões esqueceram o que era o ar por um instante.
- Tudo - foi tudo o que consegui dizer.
Ela então acenou para as outras pessoas que estavam a acompanhando no carro. Eram dois homens e uma mulher. O que estava dirigindo possuía um topete meio estranho, óculos escuros - apesar de estar de noite -, e uma jaqueta de couro à la anos 60. O outro homem era ruivo, com algumas sardas e pele clara, e vestia uma roupa um tanto social. E a outra mulher possuía longos cabelos loiros e um corpo escultural. Todos pareciam um pouco assustados ao olharem para mim.
- Mas como isso é possível? - o ruivo perguntou aos outros.
- Eu não faço ideia - respondeu a loira.
Após um breve momento em silêncio, o que foi uma cena um tanto embaraçosa para mim, que só queria refletir um pouco ao ar livre e acabara me deparando com um grupo de pessoas espantadas por, ao que parece, a minha simples presença, a linda mulher tornou a falar:
- O que você acha, Lloyd? Acha que ele é um de nós?
O homem de jaqueta preta olhou para mim com um olhar analítico e respondeu:
- Não parece ser um de nós. Isso me intriga.
- Então como ele...? - falou o homem ruivo, muito confuso.
E afinal, quem seriam aquelas pessoas? Por que estariam tão impressionadas comigo? E por que eu estava me sentindo tão atraído por aquela mulher que eu nunca havia visto em minha vida? Era um sentimento novo, e eu não sabia nomeá-lo.
- Vocês... qual é o problema? - perguntei aos desconhecidos que ali estavam estagnados olhando para mim.
Todos hesitaram a responder, e todos olharam para o homem de jaqueta preta. Era como se ele desse as ordens no grupo. Até que o suposto líder da trupe dirigiu sua palavra à mim:
- Nós somos fantasmas.

on sábado, 22 de maio de 2010
Parte II - Eva

Rápido e indolor. Foi assim que tudo aconteceu, e minha vida - ou não - mudou drasticamente. Ah, e como foi bom me levantar daquele asfalto poeirento. Senti-me completamente leve, renovada. Era como se eu estivesse subindo uma ladeira íngreme com uma mochila pesada nas costas e um alguém muito gentil e bondoso tivesse retirado essa mochila de mim. E parecia que eu nunca mais teria de carregar aquela mochila, porque eu simplesmente não conseguiria; eu não precisaria. E então avaliei o que estava ao meu redor. Exatamente nesse instante notei que havia algo realmente diferente em tudo. O mundo parecia ser o mesmo de antes, mas eu o enxergava de uma outra forma.
Tudo estava tão claro, tão evidente como nunca estivera antes. As pessoas, eu agora conseguia entendê-las, algo em que eu nunca fora boa antes. Melhor dizendo, agora eu conseguia decifrar as pessoas de uma forma tão incrível que era como se eu pudesse ler suas mentes. Suas expressões, seus códigos, nada mais era uma barreira para mim. Uma senhora que passava por perto, vestindo um casaco de lã cor de creme e um chapéu coco muito estiloso, estava pensando: 'Nossa, o que está acontecendo ali? Um acidente, mas que horrível!'. E um homem muito garboso e bem cuidado que se encontrava atento a alguma cena que acontecia ali por perto estava pensando: 'Coitada dessa moça, tão jovem, com uma vida tão bela pela frente, sendo parada de uma forma tão violenta pela morte. A mesma morte desgraçada e imprevisível que levou a minha amada, que levou a minha vida'.
Então passei a me atentar ao que estava acontecendo ali por perto. Havia um aglomerado de pessoas formando um pequeno círculo, o qual me impedia de ver o que estava no centro. E também haviam luzes, e foi como se as imagens estivessem antes deturpadas, tornando-se nítidas aos poucos. As luzes eram as de uma ambulância. Aos poucos fui me aproximando e entendendo o que estava acontecendo. De fato era um acidente, e parecia ter sido grave, visto que uma abulância estava presente no local e um amontoado de curiosos também. À medida que eu me aproximava sentia algo estranho. Um tipo de dor, mas sem ser dor; medo, mas sem ser medo. Angústia, mas sem ser angústia. E por fim, tristeza. A tristeza crua, descascada e inexorável. Porque eu consegui atravessar o amontoado de pessoas que ali estavam, e consegui ver o que tinha no centro da situação. E o que estava ali, estirado e enfraquecido, era o meu corpo. Meu corpo magro e pálido - mais que o normal -, machucado e sem vida, coberto de sangue e de dor.
Tudo fazia sentido, e ao mesmo tempo não fazia. Olhei nos olhos de todas aquelas pessoas, mas nenhuma conseguia olhar nos meus. Eu era uma invisível no meio da multidão. E se antes eu era uma nada, o que eu seria agora então? Pela primeira vez em minha vida eu queria me matar, mas eu não podia, porque eu não estava mais em minha vida, eu estava simplesmente morta. Havia batido as botas, partido dessa para melhor.
Fiquei me perguntando se aquilo era tudo. Se morrer era simplesmente isso. Vagar por aí eternamente, condenada à solidão suprema e implacável infelicidade.
Me afastei das pessoas e saí caminhando. Minha mente estava confusa; eu estava confusa. 'Mas que droga? Eva, como você é burra! Como pode morrer hoje? Justo hoje que tudo iria dar certo e que você provavelmente seria pedida em noivado? Sua... sua...' Desatei a pensar e caí em prantos. Minha vida toda fora uma droga e quando as coisas estavam prestes a mudar eu havia errado e perdido tudo.
Naquele instante senti muita raiva de mim mesma. Apesar de estar chorando, eu queria gritar, queria gritar muito e extravasar toda a minha fúria. Mas de que adiantaria? Eu era uma defunta agora, nada poderia mudar isso.
Passei por uma loja de conveniência que ainda estava aberta e resolvi testar como seria a 'vida' de uma falecida fracassada. Para minha felicidade eu consegui segurar na maçaneta da porta e abrí-la. Para mim foi natural, mas para o balconista não foi nem um pouco. 'O... o quê? A porta abriu sozinha! Socorro!'. Foi o que o balconista pensou, e saiu correndo em direção ao banheiro masculino. Segui para a seção de bebidas alcoólicas. Era tudo o que eu precisava, encher a cara. Peguei o melhor dos whiskies e sentei-me ali mesmo, no chão da loja de conveniência, arrasada, pensando em como seria meu futuro dali para frente.
Até que um homem jovem, aparentemente da mesma idade que eu, vestindo uma jaqueta de couro preta, calça jeans das melhores e com um cabelo escuro e topete encantador entrou pela loja. Ele tinha seu charme. Infelizmente, como todos os outros, ele não deveria me ver. Continuei a beber meu whisky. E então, de súbito, alguém falou comigo:
- Olá, você.
on quinta-feira, 20 de maio de 2010
Parte I - Hércules

Minha cabeça doía tanto naquele instante que eu queria poder abrí-la e esvaziar todos os pensamentos revoltantes e pérfidos que me seduziam. Todavia, não era hora para isso. Eu precisava ser forte - mesmo sabendo que não era e nunca seria; eu precisava surpotar mais um daqueles jantares fúteis que minha família promovia.
Repúdio. Era isso que eu sentia por toda aquela alta sociedade, a qual, para a minha total e desprezível infelicidade, minha família fazia parte. Completos 'narizes empinados', que importavam-se apenas com os seus e nada mais. Para eles tudo era: minha família, minha casa, meu carro, meu endocrinologista, meu cirurgião plástico.
Infelizmente eu havia nascido e morado entre essa sociedade absurda. Mansões, festas, sorrisos falsos e traições que ninguém via, ou ao menos não comentava. Eu vivia em um mundo muito diferente de mim, e isso estava me matando.
Estava me matando porque eu sabia que eu não conseguiria alcançar as expectativas criadas pela minha família, simplesmente porque eu não criara essas mesmas expectativas dentro de mim. Meus dois irmãos mais velhos haviam feito tudo conforme o planejado desde que haviam nascido. Tornaram-se médicos importantes, tomando conta da clínica da família e casando-se com belas mulheres filhas de grandes empresários amigos de nossa família.
Tudo era premeditado. E eu não queria isso, de jeito algum.
Eu queria ser livre para fazer minhas próprias escolhas. Eu queria poder gostar do que eu quisesse gostar; fazer o que eu quisesse fazer. Mas as coisas não eram bem assim. Então peguei-me a pensar: Por que as coisas não eram como eu queria? Quem estava me impedindo de largar a faculdade de medicina ainda no primeiro semestre e sair viajando pelo mundo, sem roteiro? Até que alguém me chamou.
- Hércules, venha aqui - minha mãe estava me chamando, e ao seu lado estava uma mulher exuberante, linda e loira. O círculo estava fechando. Era sempre assim, ela me apresentaria à uma mulher linda e rica e nos casaríamos e viveríamos um casamento sem amor.
Mas eu não estaria sendo eu se optasse por seguir o que estava premeditado. Apesar de nem sempre fazer juz ao meu nome de herói, era eu a ovelha negra da família. Eu era o diferente, e para mim eles eram diferentes.
Não fui até a minha mãe. Não continuei naquela festa. Era hora de mudar, era hora de me desprender do meu mundo e ampliar meu universo.
Caminhei até o portão da minha casa, e no meio do caminho um dos convidados - o qual eu nunca havia visto em minha vida, mas possuía vestes muito bem adequadas para a ocasião -, me alertou:
- Cuidado garoto, alguns jovens estranhos estão andando pelas redondezas do bairro. A polícia já foi acionada e logo a paz será restaurada em nossa nobre vizinhança, mas é sempre bom previnir-se.
Sorri para o homem e saí de casa mesmo assim. Não havia ninguém na rua, que estava absolutamente calma, e o ar gélido fazia meus pulmões doerem ao respirar. Ao menos o clima estava melhor do que no jantar em minha própria casa. Fui caminhando pelo bairro, sozinho, refletindo sobre o que eu iria fazer em seguida. De uma coisa eu estava certo: eu não seria mais uma cópia do que meus irmãos foram, mais um modelo, seguindo e cumprindo os costumes de todas as gerações da família. Simplesmente pelo fato de eu ser racional o bastante para dizer não e seguir o que meu coração dizia. E ali eu estava completamente certo de que eu deveria ouvi-lo e aceitar o que ele sugeria, pois ele dava as cordenadas para a minha felicidade.
Sentei-me no banco da praça e deixei minha mente seguir seu curso natural. Até o ponto em que não pensei mais em nada. Minha dor de cabeça se fora e eu estava bastante sereno. Subitamente ouvi o som de um carro em alta velocidade aproximando-se, abri meus olhos com espanto e fiquei alarmado, afinal, que tipo de pessoa dirigiria um carro em alta velocidade às uma da manhã? Alguém muito doido, com certeza.
O carro então parou ao chegar mais perto de mim. Era um carro grande e preto, o vidro do carona estava abaixado. Talvez se não fosse aquele vidro abaixado, minha vida continuaria sendo a mesma vida robótica e premeditada de sempre. E meu destino estaria fadado a ser entediante e igual ao dos meus irmãos. Mas para a minha sorte o vidro estava abaixado, e eu pude ver aqueles olhos estonteantes e prateados, misteriosos e tentadores que me prendiam e me faziam ficar sem ar só de olhar. Posso dizer que foi ali que a minha droga de vida deixou de ser uma droga e passou a ser algo que eu só posso definir como animal.
on sábado, 8 de maio de 2010
Presa. Limitada. Sem escolhas. Era assim que Annabeth se sentia. Era uma garota muito esperta, apaixonada pelo conhecimento, dias ensolarados e algodão doce. Tinha apenas onze anos e uma baixa estatura para sua idade. Segundo ela, possuía uma vida relativamente feliz quando morava na pacata cidade de Aqui-tem-muito-mato. Porém, ao completar dez anos - seu último aniversário feliz, segundo ela -, recebeu a infeliz notícia de que seu pai, um jornalista amante de queijos e vinhos, seria transferido para uma cidade enorme cheia de prédios e fábricas poluentes. Mas ela também era muito compreensível e entendeu quando seus pais vieram conversar com ela e dizer que seria a melhor coisa a fazer, pois seu pai ganharia mais e seria bom para criar o bebê - já que sua mãe estava grávida.
Apesar de tudo, Annabeth sentiu-se muito, muito triste por ter que deixar a cidade em que tanto depositou amor e carinho em todas as coisas que fazia. Desde que nascera ela morava em Aqui-tem-muito-mato. Não havia nada mais prazeroso para ela do que visitar o parque em um dia de sol, comer algodão doce e subir em algumas árvores. Muitas vezes fazia essas coisas sozinha, pois nunca foi uma garota sociável. Quando estava acompanhada, estava junto a suas primas mais novas que mal entendiam as brincadeiras inventadas pela mirabolante cabecinha de Annabeth.
Quando mudou-se para a cidade grande, Annabeth sentiu-se tremendamente fora de seu lugar. Como uma vespa sentiria-se em um território de cigarras; ou como um leão sentiria estando entre zebras. Tudo era muito grande, muito complexo. Ao invés de ir de bicicleta para a escola, aproveitando a brisa da manhã e o sorriso gratificante dos vizinhos conhecidos da sua cidade natal, Annabeth agora tinha de sair muito cedo de casa para poder chegar a tempo em sua escola nova, e ainda tinha de pegar um ônibus lotado. A nova cidade não tinha a mesma brisa da manhã que a cidade natal; e muito menos o sorriso gratificante dos vizinhos. O máximo que ela conseguia era um sorriso falso e amarelo do porteiro do seu prédio.
Com dois meses morando na cidade grande, Annabeth achava tudo insuportável. Seus pais só saíam com ela e seu pequeno irmão nos finais de semana, e na maioria das vezes ao shopping ou algum outro lugar próprio da cidade grande. E assim seguiu-se por um longo período. Annabeth queria ir à um parque arborizado, comer algodão doce e sentir os raios de sol fulgurantes em seu rosto. Ela queria tudo o que Aqui-tem-muito-mato possuía. Ela queria voltar à sua cidade natal.
Então Annabeth planejou uma coisa que nunca passaria por sua cabeça se ela não se encontrasse na situação em que estava - absurdamente entediada e presa em uma cidade cinza, sem graça e infeliz. Ela planejou fazer uma visita à Aqui-tem-muito-mato, mesmo sem o consentimento dos pais. Ela sabia que isso não era algo certo de se fazer, mas às vezes as regras não podem ser seguidas à risca se você quer muito algo que não se enquadra nas regras. Às vezes é necessário quebrá-las e ser feliz.
Ao sair da escola ela pegou um ônibus que ia direto para a rodoviária da cidade - a qual ela não gostou muito, pois haviam pessoas muito estranhas por perto. Em seguida pegou um ônibus para Aqui-tem-muito-mato. Foi fácil despistar a moça e comprar o ticket, e mais fácil ainda enganar o motorista dizendo que estava acompanhada, pois Annabeth era muito esperta. E após uma hora e alguns minutos ela encontrava-se em frente à enorme praça arborizada que ela tanto sonhara. A barraquinha de algodão doce continuava lá; o ar puro e relaxante também. E Annabeth divertiu-se muito naquela tarde, esquecendo de todas as preocupações que a aflingiam.
Enquanto degustava um delicioso algodão doce e balançava-se em um balanço de madeira, Annabeth observava a mata que sempre estivera próxima ao parque. Desde pequena ela visitava aquele lugar mas nunca havia notado realmente a extensidade que aquela mata poderia ter, os mistérios que ali poderiam conter. Confesso à vocês que Annabeth estava um pouco debilitada por ficar tanto tempo longe da natureza, e talvez por isso tenha feito aquela escolha naquele momento, pois ali Annabeth decidiu que seria interessante explorar a mata próxima ao parque. Tudo o que ela tinha que fazer era atravessar uma pequena trilha que levava para dentro da mata, e a partir dali só haviam árvores e mais árvores. Annabeth pôs-se a pensar se não seria um erro prosseguir com tal aventura, mas ao lembrar o que a aguardava quando voltasse para o mundo real, não pensou duas vezes e seguiu na trilha, que a levaria para só Deus sabe onde; que a levaria para o desconhecido.


Créditos da ilustração: Nath Araújo (@Natxiii)
on terça-feira, 4 de maio de 2010
Afinal de contas, quem sou eu? O que eu tenho feito? Com quem eu tenho andado? Para que eu tenho vivido?
Se é que eu tenho vivido.
Desde que você se foi, minha vida não tem mais sentido. Para ser sincero, não posso chamar isso de vida. Ninguém mais olha em meus olhos. Ninguém mais se importa comigo. Ninguém me ama e nem nunca me amou. Porque todos olhavam em seus olhos, todos se importavam com você e todos amavam você.
Você era o laço que me unia à todas as outras pessoas. Você era o laço que unia meu corpo à vida. Era meu sangue, meu ar, minha água. Você era meu tudo.
E agora você se foi, justo quando eu estava me sentindo feliz ao seu lado. Feliz como eu nunca havia estado antes.
E agora eu não posso mais viver. Não. Eu não suporto mais viver. E tudo o que eu mais quero neste exato instante é estar ao seu lado. Não importa aonde você estiver. Seja no inferno, no paraíso ou em outra galáxia, é com você que eu preciso estar.
E agora eu suplico-te, como nunca fiz antes, por favor minha querida, volte para me buscar! Não deixe-me sozinho nesse mundo tão injusto, o qual eu não me sinto mais bem acolhido, porque na verdade o que me fazia sentir assim era estar perto de ti.
Olho no espelho e não me vejo mais, isso porque levaste a minha alma junto à ti. Levaste meu coração também, e toda a minha vontade de viver. E agora, só restaram fragmentos de uma sombra vazia e fúnebre.
Assim como antes eu lhe pedia um beijo, agora peço que leve-me com você. Dê-me este presente único, sereno e sem volta.
Dê-me a morte.

Aguardo sua visita,

Do seu único e verdadeiro amor, seu eterno escravo e evidente admirador.