Crônicas do Odiador do Mundo

on segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Chegou a hora. O ápice de toda a minha paciência; o cume finalmente ferveu e explodiu meus miolos. Os queimou e transformou em labaredas vivazes. Labaredas essas que ainda me faziam recordar de todo o passado que eu sempre quis esquecer. No fundo existia algo que me obrigava a olhar para trás e tentar esboçar um sorriso. Mas não era a mesma coisa. Depois que algo tão forte quanto um relacionamento - seja ele amoroso ou uma forte amizade - é destruído, nada pode fazer com que os cacos unam-se novamente. Nada. Eu tentei. Nós tentamos. Não deu. Simplesmente as coisas chegaram a um nível tão deplorável que não suportávamos mais nos olhar. Eu sentia repúdio em tê-la como companheira. Um mês depois estávamos nos mudando. Nos divorciando, para ser mais preciso. Ainda que não fóssemos legalmente casados, o pior dos divórcios é o divórcio do amor. A separação entre duas pessoas que um dia não conseguiam deixar de se olhar e fazer juras verdadeiras de amor. Acontece que chegou a hora de desabafar. Se é para explodir, que explodamos todos.
Não se preocupem, eu nem sempre fui essa criatura amargurada em que me tornei. Como eu disse anteriormente, um dia eu tive uma namorada. Logo, um dia eu amei. Pude sentir o que todos os apaixonados sentem. Meu coração palpitava mais rápido e eu perdia o fôlego quando a via passar. Sim, tive um amor juvenil. Tive todas as experiências boas de uma juventude sadia. Contudo, o mundo é muito mais complexo do que nós imaginamos. E quando eu digo "imaginamos" acabamos literalmente imaginando. Quando você pensa estar no controle você simplesmente não está. E quando você acha que pode dar as costas, é justamente quando você mais precisa estar no controle.
Minha história é como o mundo - tão complexa que não vale a pena ser fragmentada e explicada. Fazendo um breve balanço de tudo o que aconteceu: me apaixonei, me casei, descobri da pior maneira que minha amada tinha um caso com meu melhor amigo, descobri que meus pais mantinham relações extraconjugais. Foi demais para mim. Não pude suportar o fato de que ninguém era o que parecia ser. Não pude evitar o fato de me tornar um odiador. Odeio tudo que acontece ao meu redor. Odeio as pessoas que tentam se dirigir a mim; odeio as pessoas que não tentam se dirigir a mim; odeio meu presente, meu passado e posso pressentir que também odiarei meu futuro.
Meu coração não foi apenas destruído. Meu coração foi petrificado. É algo que eu não desejo a ninguém, mesmo.
Hoje eu vago pelo mundo, sem rumo, sem roteiro, sem medo. Hoje eu sou apenas a sombra do que um dia fui. Não existo mais. Não sinto.
Mas no fundo eu sei o que estou procurando; no fundo tenho a esperança de que um dia meu coração volte a bater. Tenho a esperança de que um dia eu possa viver novamente.

1 comentários:

Anna Paula Dionizio disse...

adorei o template novo *-* o post. tb é mt bom (:

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